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Meia Laranja Inteira

Halfway there...

Meia Laranja Inteira

Halfway there...

Carry on

A música do dia é esta.

Foi num acaso feliz que me encontrou, numa das playlists do spotify... E parecia saber o quanto precisava de a ouvir, porque se colou aos meus ouvidos durante grande parte do dia. E ainda não satisfeita com esta imposição, impregnou-se minha pele, arrepiou-me e lá encontrou um caminho para me tocar o coração...

E hoje é só esta a partilha.

Porque as decisões de ontem me acalmaram os nervos e permitiram que me focasse em mim. O devaneio, a loucura insana, a ânsia ficaram lá e, ainda que tentem puxar-me pela bainha do vestido, eu resisto e continuo...

I lost my nerve
Yet peace surrounds
So carry on
 
And now that all's
Been said and done
Who said it best
Were you the one?
 
Let's just forget
Leave it behind
And carry on

Memories

Estive a ler-me... Sorri-me, reconheci-me, critiquei-me, afaguei-me, mas sobretudo... identifiquei-me. E isto foi mesmo estranho para mim... Porque esperava encontrar uma maior distância entre as as leituras do que fui e as ações que me regem hoje.

Há meia vida de intermeio entre este ontem e este hoje, e contudo, algumas imagens, que emergem de um tempo, encontram reflexo nítido no outro que as espelha.... Pois, se sou a mesma, repito para mim, querendo atribuir alguma razoabilidade a este acontecimento...

Mas de novo, reitero que esta meia vida encerra em si crescimentos múltiplos e a vários níveis, uns trabalhados, outros forçados e outros que foram simplesmente acontecendo na mecanicidade dos dias... Houve êxitos febris, seguidos por defervescências. Tempos de arrebatamento e tempos de aquietação. Mas sobretudo houve edificação e fortificação. E talvez por isso esperasse mais distância entre o que fui e o que sou... Ou talvez nem fosse distância, o que esperava.... Talvez estivesse convencida da constatação óbvia a que assistiria nesta viagem temporal de leituras: esperava um contraste evidente entre a simplicidade da miúda que era, e a exuberância da mulher que sou.   Mas não encontrei. De facto, reparo mesmo que me agigantei em parte, mas que me simplifiquei, talvez em parte igual.... noutros domínios, mas na mesma medida. E, contas feitas, a essência permanece cálida e intocável. Incrível, penso!

O que não me surpreendeu nesta viagem, foram as memórias que vieram visitar-me. Algumas apareceram alegres, agitadas contentes pela oportunidade de se apresentarem, ostentando vestidos de festa e expresssões calorosas daquelas que revemos nas caras de amigos a sério, em tempos de reinação. Outras  gélidas, levaram-me a lugares que jurara não querer regressar.  Umas cheias de cor, explosão, ânsia e vida. Outras frias, vazias, caladas e introspetivas...

Mas há algumas que parecem crescer e cristalizam diante de mim. E, em câmara lenta, apercebo-me dos detalhes visuais que contêm e, dos detalhes emocionais, mais ainda. É que fechando os olhos, a imagem embacia-se, mas a emoção revela-se mais forte, mais presente, mais vívida. 

Umas vezes, concedo-me o privilégio de apreciar esta memória, como se aprecia um bom chocolate na boca. Deixando-a derreter muito lentamente, comprimindo-a entre a língua e o céu da boca e aproveitando cada travo de doçura, cada laivo textural de intensidade... Sorrio. Permito-me sentir o afago ou arrepio, e volto a recolhê-la, num local limpo, arejado e sem pó... onde se sinta bem para ser visitada de novo.

Mas outras vezes questiono: quanto da minha perceção moldou a memória que se formou em mim? É que os acontecimentos reais, na sua existência temporal e espacial, quando consolidam em memórias que perduram no tempo, perdem parte dessa isenção, porque se moldam à nossa perceção desse exato momento... Quanto terei moldado? Com quanta emoção terei impregnado as memórias que me visitam? Quão longe estará a minha visão memorial da realidade do que já foi?

E depois, penso... há reciprocidade aqui, entre as memórias que guardei e aquilo que construí para mim...na medida em que a emoção que coloquei ali, naquele momento do passado, a mesma que se vinculou às memórias que criei, é parte do que me fez quem sou. Foi a partir desta minha forma de sentir cada momento que me edifiquei naquilo que sou hoje. E portanto... Pouco importa se em cada memória que tenho de ti, me tenhas realmente olhado com a intensidade com que recordo esse momento.... Porque essa intensidade é minha e existirá sempre, para sempre na minha visão do mundo.

Here's to the ones that we got
Cheers to the wish you were here, but you're not
'Cause the drinks bring back all the memories
Of everything we've been through
Toast to the ones here today
Toast to the ones that we lost on the way
'Cause the drinks bring back all the memories
And the memories bring back, memories bring back you

Que se abra o purgatório!

Pois é... Já passaram 3 anos desde o último post. Eu sei. Mas a relatividade do tempo permite-me sentir que passaram segundos... por isso vou desvalorizar este hiato temporal e fazer de conta que o último post foi  ontem... Boa?

 

Só mais um apontamento. 

Escrevo algumas vezes. Muitas vezes são coisas tontas que me passam pela cabeça num ou noutro momento de ascenção emotiva ou de queda brutal... Mas outras vezes, não sou eu que escolho escrever, sou eu que preciso escrever. Como se as emoções e as palavras, que se formam delas e lhes dão volume, se acumulassem dentro de mim até já não haver mais espaço para o raciocínio, mais espaço para uma inspiração. E aqui, neste ponto, eu sei que preciso de colocar tudo cá fora. Num discurso que consubstancialize tudo, mas mesmo tudo o que vai cá dentro.

Portanto, se cá vem alguém ler-me, lamento. Isto é só uma purga emotiva. E porque quem manda aqui ainda sou eu, declaro oficialmente aberto o purgatório!

 

*Me aguardi.*